não sei a hora porque removi o relógio da barra de tarefas. quero um relógio sem ponteiros. mas tá tarde e eu penso que um término de namoro parece incurável.
não quero tudo de novo.
quero tudo de novo.
ter tudo de novo é a única solução?
não sei a hora porque removi o relógio da barra de tarefas. quero um relógio sem ponteiros. mas tá tarde e eu penso que um término de namoro parece incurável.
não quero tudo de novo.
quero tudo de novo.
ter tudo de novo é a única solução?
hoje fiz algo por mim e me sinto muito feliz.
às vezes é mais fácil fazer algo para os outros do que para nós.
e às vezes também a vida diz que você precisa agir e você não age porque é mais fácil não fazer nada e deixar as coisas serem como são.
obrigado a mim.
ando com uma saudade grande de escrever qualquer coisa que não seja artigo acadêmico, qualquer coisa que não tenha normas da ABNT, qualquer coisa que não dependa de citações e avaliação de doutores. e tenho sentido falta de comentar sobre filmes que assisto, porque sou dotado de pouca memória e sinto os filmes indo embora logo após os créditos finais. escrever, mesmo algumas linhas, me ajuda a manter por mais tempo minha impressão. escrever é uma maravilha para seres esquecidos como eu.
e acabei de assistir uma coisa linda – fiquei surpreso com o 5.7 do imdb. “para não falar de todas essas mulheres” é um filme do bergman que não lembro de ter lido comentários sobre ele no imagens ou lanterna mágina. e foi seu primeiro colorido, e de fato é muito colorido em alguns momentos. no último concerto do maestro, cada uma de suas mulheres tem algum elemento vermelho no figurino – ou mesmo é todo vermelho. e o cenário, a mansão do maestro, é predominantemente branca. isso não lembra gritos e sussurros às avessas? li por aí que o bergman acha que exagerou no tom da comédia. eu acho que não. fato que a primeira metade do filme é melhor que a segunda. mas o tom meio afetado parece um comentário sobre o próprio filme, ou sobre o cinema de forma geral. porque bergman também tem voz aqui, e chega às vezes a interromper a cena para inserir legendas com comentários. sobretudo por ser de quem é pareça mais interessante – já que passamos/passei a conhecer a obra do diretor a partir de seus filmes mais notáveis, que nada têm de cômico e caricato. o figurino e direção de arte merecem uma atenção especial, pretendo rever um dia com olhar voltados a eles.
ontem/hoje tentei ver “panorama do cinema brasileiro” mas não rolou, o sono me pegou. mas uau, há imagens maravilhosas de filmes brasileiros do tipo nunca-vi-nem-comi-eu-só-ouço-falar. é um documentário longo, mais de duas horas. não cheguei nem na primeira meia hora e já deu pra notar uma pintura bastante gloriosa que o filme – é do INC, o que dá pra entender – faz do cinema nacional. mas vamos ver tudo para falar direito depois. mas risquei “copacabana me engana” (1968) da lista preciso-ver. gosto bastante de “rainha diaba” (1974), que é posterior a esse mas o único do antonio carlos fontoura que assisti até então – ia dispensar o recente “somos tão jovens” (2013), mas to mudando de ideia. “copacabana” tem três cenas espetaculares. 1) odete lara e carlo mossy num barzinho na orla do bairro carioca. planos incríveis, os cortes em faux raccord, o melhor momento do texto e da atriz. uma longa cena que termina com um “não sei” após um “você me ama?”. 2) o ménage. 3) a última cena, com o pai perdoado e mãe na mesa da cozinha conversando sobre um futuro impreciso e pouco esperançoso. essas três cenas valem o filme, que não gostei muito – maldita dublagem, cria um artificialismo tão grande. parece datado, é um filme classicamente daquele tempo, seja quanto a forma, seja quanto ao conteúdo. e talvez tenha envelhecido um pouco mal – com exceção da beleza da fotografia de affonso beato.
e agora, josé?
a festa acabou.
a luz apagou.
o povo sumiu.
a noite esfriou.
e eu não peguei ninguém.